[Note do editor]: No dia em que o Uruguai enfrentará a Holanda num jogo que esperamos seja tão épico como foi o confronto com Gana, publicamos uma colaboração do grande amigo Antônio Madalena, popularmente conhecido como Tom. Como o texto condiz perfeitamente com o espírito do Golpe de Cabeça, chegamos ao cúmulo de aceitar a colaboração de um gremista para um blog de colorados. Esperamos que nossos cinco leitores gostem!
Suárez, o centroavante uruguaio é disparado o melhor centroavante da Copa. Essa história de melhor é sempre discutível. Mas nesse caso os fatos ultrapassam toda possibilidade de discussão. E também aquela história de goleador da Copa não quer dizer nada. É só estatística.
Um centroavante deve fazer gols. Não se exige que seja sempre, a toda hora. Basta uma certa constância, a que se dá o nome de regularidade, e que esse padrão seja pontuado por gols importantes, decisivos. E Suárez fez gols decisivos, sobretudo o que levou nosso querido país vizinho das oitavas para as quartas.
Quartas de final contra o bom time de Gana, o que se esperava? Óbvio. Gols de Suárez. E é aí que Suárez se supera. Ele se revela o goleiro da Copa. Com duas rodadas antes da final. De forma decisiva e resoluta, como deve ser para um herói, nesses tempos de mais ou menos e muita enganação, Suarez defende duas vezes. Afinal, na primeira defesa, por um vício de centroavante, ele deu um chute na bola. Esqueceu que estava na sua área e que tinha um monte de ganenses loucos e sedentos para pegar a Jabulani de jeito. Pois um pegou e já contava com o gol quando Suárez, inabalável, resoluto, estende a mão e faz uma defesa sensacional, no alto, quase junto ao poste superior. Uma bola verdadeiramente difícil! Dificílima. A mais sensacional defesa da Copa, embora duvide que a FIFA vá colocá-la no filme oficial de 2010. O juiz, obediente às normas, expulsa Suarez, não permitindo que ele veja como testemunha plena o que acontece. É um Suárez ainda melancólico, caminhando para o vestiário, que ouve e vê pelo telão o que os deuses do futebol tinham reservado a ele.
E o que os Deuses do futebol (esses mesmos que fiéis à justiça mandaram o Brasil de volta para casa, para o bem do nosso futebol, diga-se) decretaram é que Suárez é o novo herói uruguaio. A merecer muitas homenagens, nome em escolas, estátuas ao lado de algumas do general Artigas… (Quem conhece o Uruguai sabe que nossos hermanos são dados a colocar o general e seu cavalo em quase que todas as praças. Bom, será divertido encontrar Suárez ao lado do general.)
Agora é torcer pela celeste. Torço muito pelo Uruguai. Bom, claro, depois de tudo isso, o leitor deve estar pensando que torço por vitórias espetaculares. Claro que não! Torço por pênaltis. Um zero a zero sofrido contra a Holanda está de bom tamanho. A Holanda pode até chutar umas bolas na trave. Mas, ao final da prorrogação, pênaltis. E aí, claro, Uruguai! Por favor, alguém lembre ao Loco Abreu para fazer diferente. E depois a Alemanha provavelmente. É até de lamentar, pois ninguém jogou futebol tão bonito nessa copa quanto eles… Mas fazer o quê… Com o Uruguai pela frente as coisas são diferentes… Ou, melhor dizendo, encardidas. As coisas são encardidas. Um 1×1 para dar alguma emoção aos 120 minutos regulamentares está de bom tamanho. Claro, a Alemanha saindo na frente logo de inácio, passando o jogo com mais duas, três chances de aumentar… essas coisas que tornam um bom jogo dramático. E aí, pelos trinta do segundo tempo, o empate em alguma bola chorada na área alemã. E vamos aos pênaltis para glória do Uruguai. Que assim seja, se os Deuses do futebol assim quiserem.
E, imaginem, o Uruguai voltando ao Brasil, depois de 50, como campeão do mundo!
Antônio Madalena
Amante do futebol arte, apesar de gremista!