Por que votarei em Dilma Rousseff

Eis que, neste contexto de ânimos acirrados que vem caracterizando a atual disputa pela cadeira de presidente do Brasil, resolvi que é hora de declarar publicamente meu voto. Aqueles que me conhecem minimamente já sabem detalhes sobre muitas de minhas opiniões e posicionamentos, porém creio que, ainda assim, é interessante deixar bem claros os porquês de minhas escolhas. Tomo esta atitude sem o conhecimento dos meus companheiros de blog, os quais, evidentemente, terão todo o direito de expor e justificar suas opiniões, neste mesmo espaço.

Sem mais delongas, já aviso que votarei na candidata Dilma Rousseff, do PT. Antes de apresentar as motivações da minha opção, vou refutar alguns dos argumentos utilizados para considerar “absurda” esta escolha.

Muitos dizem que não votarão em Dilma porque estariam, assim, garantindo a expulsão de uma certa “corja” que teria dominado a administração pública brasileira. Este fato, que certamente tem elementos de verdade, não pode obscurecer a constatação de que a “era FHC” em nada ficou devendo à “era Lula”, em termos de “escândalos”. Para quem não lembra de coisinhas como SIVAM, Sudam, suspeitas de propina nos processos de privatização e fortes acusações de compras de votos para aprovação da emenda da reeleição, sugiro a leitura deste “apanhado”, para refrescar a memória: “45 escândalos que marcaram o governo FHC”. Me parece bastante difícil quantificar os desmandos e as falcatruas possíveis e/ou confirmadas, qualificando, peremptoriamente, um dos grupos políticos como mais “ético” ou “íntegro” do que o outro. Trata-se, em suma, de um tenebroso problema estrutural de certas instituições brasileiras, que demanda, no mínimo, uma profunda reforma política para que seja efetivamente solucionado. Enquanto isso não acontece, a única e legítima alternativa para quem pretende ter um voto realmente “moralista” e “moralizador” seria a opção pelo branco ou pelo nulo… Em outro sentido, pode-se criticar Lula o quanto for possível e necessário, mas é inegável que instituições como a Polícia Federal e, num certo sentido, o próprio Ministério Público Federal, tiveram muito mais autonomia para atuar do que no governo anterior. Sobre a atuação da PF, cabe conferir este levantamento, feito pelo insuspeito jornal Estado de S. Paulo, com dados de 2003 a 2008. Interessante destacar, também, que a cobertura midiática, sempre fundamental numa sociedade democrática, tende claramente a um certo favorecimento dos tucanos, talvez em virtude de alguns contratos que seus governos fazem beneficiando grandes revistas, jornais e editoras (ver esta análise do NaMaria News). Trocando em miúdos: quando o assunto é a tal “moralidade pública”, a discussão é tremendamente hipócrita, pois estamos falando de um debate em que o roto fala mal do esfarrapado…

Outro ponto justamente destacado nas críticas direcionadas à candidata governista diz respeito às alianças com figuras como Sarney, Jader Barbalho e Renan Calheiros, verdadeiros coronéis que representam o que há de mais atrasado na política nacional. Pois bem, amigos, isto é terrível mesmo, mas lhes digo, sem pestanejar: se Serra ganhar FATALMENTE se aliará com estes mesmos sujeitos, assim como FHC o fez durante seu governo. Isto se deve pura e simplesmente às características do atual regime político-institucional brasileiro, que os sociólogos e cientistas políticos chamam “presidencialismo de coalizão” – a leitura é mais do que obrigatória para quem quer entender melhor a urgência de uma verdadeira reforma política neste país. Evidente que eu gostaria de ter um governo que prescindisse destes sujeitos, mas, além de ter a certeza que, no dia seguinte a uma eventual vitória nas urnas, Serra teria que, no mínimo, começar a negociar com tais próceres do PMDB, não creio que elementos como Roberto Jefferson, Joaquim Roriz, José Roberto Arruda, Yeda Crusius, Orestes Quércia, Jorge Bornhausen, César Maia e Kátia Abreu sejam exemplos de progressismo e pureza ideológica.

Trocando em miúdos, de novo: postura ética e alianças bizarras podem até ser motivos para te fazer não votar em nenhum dos candidatos, mas daí a achar que um é mais “puro” do que o outro, neste sentido, a coisa fica bem mais complicada…

Ainda pensando em possíveis questionamentos à minha escolha, sei que alguns dirão que a eleição atual não é entre Lula e FHC, mas sim entre Dilma e Serra. Isto é mais do que óbvio, porém acredito que tão evidente quanto esta constatação seja o fato de que, sobretudo em eleições presidenciais, não estamos escolhendo pura e simplesmente um indivíduo, o governante, mas sim optando entre projetos de país. Assim, por mais que PT e PSDB tenham apresentado algumas semelhanças na condução de certas questões, considero que há uma série de pontos que os diferenciam, e são justamente estes que me fazem considerar a continuidade do atual projeto a melhor opção para o Brasil.

Ressalto, desde já, que os aspectos que destacarei aqui relacionam-se intimamente com meu trabalho, minha trajetória de vida e minhas convicções pessoais. Não considero, porém, que isto seja um ponto que sequer possa ser cogitado para desqualificar minha análise…

Passei longos anos da minha vida dentro de uma universidade federal (a UFRGS), e lembro detalhadamente como era a realidade do ensino superior público ao longo do governo FHC. Entre 1998 e 2002, período em que cursei a graduação em Ciências Sociais, os salários dos professores permaneceram praticamente congelados e, muito pior do que isso, havia uma notória defasagem na quantidade de docentes. Não era incomum que um professor se aposentasse e nem sequer fosse autorizada a realização de concurso público para repor a sua vaga. Professores substitutos, ainda em processo de formação e tremendamente mal remunerados, assumiam disciplinas fundamentais. A infra-estrutura dos prédios era precária, sendo que a palavra “sucateamento” com certeza não era um eufemismo para definir a situação. Em 2003, quando comecei a cursar o Mestrado, o presidente Lula mal havia assumido, mas logo foi possível perceber que algumas coisas estavam mudando: as bolsas de pesquisa e graduação, estagnadas há muito tempo, foram reajustadas, por exemplo. As transformações não foram todas imediatas, é claro, mas, posteriormente, muita coisa aconteceu: criação de universidades, ampliação de campi, concursos para docentes e servidores, recuperação dos salários… Realmente, para quem viveu aquela época, não há como fazer uma comparação que seja favorável a FHC. Não sou apenas eu quem está dizendo isto: diversos reitores de universidades federais, os quais seria lamentável rotular como “rebanho cego petista”, destacaram, em manifesto recentemente divulgado, os investimentos do governo Lula em educação. Esta leitura é especialmente importante para os mais jovens, na faixa dos 20 anos, que estão nas universidades e não têm a mínima ideia do que acontecia durante a “era FHC”. Se quiserem um outro relato sobre o assunto, não deixem de ler o que diz a Semiramis.

Atualmente, trabalho num órgão público federal, em cargo da minha área de formação, a antropologia. Por conta disso, tenho contato direto com povos indígenas e comunidades tradicionais. Trata-se, portanto, de populações cujos dilemas, demandas e necessidades acompanho diariamente. No caso dos indígenas, mesmo que a “era Lula” tenha trazido menos avanços do que se esperava, há que se destacar alguns pontos: a criação da Comissão Nacional de Política Indigenista – CNPI, importante instância de participação das comunidades na formulação e monitoramento das políticas públicas a elas direcionadas, a realização de concursos públicos para oxigenar o limitado quadro de servidores da Funai, a reestruturação deste órgão indigenista (polêmica, porém necessária) e a demarcação, em área contínua, da Terra Indígena Raposa/Serra do Sol, ato que, por si só, possui considerável simbolismo.

A preocupação governamental em ampliar o escopo das comunidades tradicionais beneficiadas pelas políticas públicas expressou-se na edição do Decreto nº 6040/2007, que instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT) (mais detalhes aqui). No que se refere ao reconhecimento e titulação dos territórios das comunidades quilombolas, foi editado o Decreto nº 4887/2003, bastante avançado em relação à regulamentação do governo anterior, sobretudo por incorporar parte do conteúdo da Convenção 169 da OIT, assinada e ratificada pelo Brasil. Ocorre, basicamente, que agora a legislação incorpora, ao menos em parte, a discussão antropológica sobre o assunto: quando falamos de “comunidades quilombolas”, não estamos nos referindo apenas ao passado, sempre presente na memória coletiva compartilhada por estes grupos, geralmente ligada a algum tipo de ancestralidade negra. Estamos, também, nos referindo a um presente, onde estes sujeitos atualizam modos de viver específicos, capazes de garantir sua reprodução física e social. Daí a importância de valorizarmos a auto-atribuição de uma identidade étnica.

Contudo, apesar de não gostar de fazer escolhas com base em avaliações negativistas, assumo que, neste aspecto, um dos grandes motivos para votar em Dilma é a perspectiva do que poderia ocorrer caso José Serra vencesse as eleições. Muito significativa, neste sentido, é a postura do DEM, um de seus maiores aliados, partido que abarca as lideranças mais reacionárias da chamada “bancada ruralista”, dentre as quais está uma certa senadora tocantinense… Pois bem, a citada agremiação simplesmente ingressou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) questionando o supracitado Decreto 4887/2003. Ocorre que os “demos” consideram que esta avançada legislação seria um “risco para a propriedade privada”. Percebamos, aqui, mais uma vez, a tentativa de impor os interesses dos grandes proprietários sobre comunidades que vivem há décadas em determinados territórios, sem que jamais tenham tido a possibilidade de obter a titulação dos mesmos, em virtude dos conhecidíssimos problemas fundiários que grassam nos rincões mais profundos de nosso país. Para saber mais detalhes sobre esta ADI e os inúmeros argumentos existentes para refutá-la, sugiro a leitura deste artigo e desta entrevista .

Outra questão que possui bastante relevância, para mim, é a preservação do meio-ambiente. Se é indiscutível que muito mais poderia ter sido feito, também o é a constatação de que houve muitos avanços, também nesta área. A este respeito, é paradigmática a análise de Idelber Avelar: “O ambientalismo e o segundo turno das eleições”.  Destaco, aqui, a observação de que “Não é segredo para ninguém que houve e há tensões no interior do governo, o que é perfeitamente natural num governo democrático de coalizão. Da mesma forma como há tensões entre o Ministério da Agricultura, mais alinhado com os interesses do agronegócio, e o Ministério do Desenvolvimento Agrário, mais pautado pelos interesses dos trabalhadores rurais, também há tensões entre as áreas do governo responsáveis pela implementação de projetos, como a Casa Civil, e o Ministério do Meio Ambiente”. Se esta convivência entre interesses que se antagonizam é complexa e traz uma série de dificuldades, muitas das quais percebo em meu cotidiano de trabalho, quando vejo os territórios das populações tradicionais serem impactados por grandes empreendimentos, não há elementos para crer que os interesses do lado “fraco” estariam representados no governo Serra. Como já indiquei anteriormente, a cúpula do agronegócio brasileiro está ao lado do tucano, e os governos deste partido historicamente dão pouco ou nenhum espaço para os movimentos sociais e populares. Além disso, basta uma análise simples para verificar como as equipes técnicas de Incra, Ibama e ICMBio, órgãos relegados a um segundo plano durante a “era FHC” foram bastante reforçadas durante o governo Lula. Enquanto isso, senadores do PSDB e do DEM estavam entre aqueles que se posicionaram claramente contra operações como a Arco de Fogo, destinada a combater a exploração ilegal de madeira. Para quem tem dúvidas, a informação está no próprio site do partido: “Senadores exigem suspensão da Operação Arco de Fogo”. Seria este um dos motivos pelos quais Serra venceu o primeiro turno das eleições nos municípios campeões de desmatamento, justamente aqueles que compõem o tal “Arco de Fogo”?

Muito mais poderia ser dito em termos de comparações entre os governos de Lula e FHC, se formos adentrar em questões como crescimento econômico, geração de empregos, redução das desigualdades sociais, valorização e profissionalização do serviço público etc. Uma bela síntese (com referências, para quem prestar atenção) está nestes infográficos feitos pelo Ilustre Bob:

 

Entendo que minha opção pela candidata Dilma já está mais do que justificada, considerando o que foi exposto. Entretanto, a ofensiva conservadora que tomou conta do debate político neste segundo turno, colocando no centro da arena pública, com viés moralista e inquisidor, questões que deveriam se restringir à esfera das convicções e escolhas pessoais, como aborto e casamento ou união civil entre pessoas do mesmo sexo, fez com que desmoronasse grande parte do respeito que eu possuía pelo candidato José Serra e por sua trajetória. Se é lamentável que Dilma e o PT, encurralados, estejam fazendo concessões a alguns dos setores mais conservadores de nossa sociedade – muitos dos quais sonham em transformar o Brasil numa espécie de teocracia -, é inegável que esta guinada na campanha se deve à atuação dos apoiadores do candidato tucano, que fizeram acusações de todos os tipos na tentativa de garantir a realização desta segunda rodada das eleições presidenciais. Ressalto que não sou apenas eu quem diz isso: Fernando Barros e Silva, colunista da Folha de São Paulo, afirma claramente que “foi Serra quem arrastou esse cortejo do atraso para o centro da disputa política”. Se haveria alguma esperança de que Serra poderia romper com alguns dos velhos caciques que se tornaram “neo-lulistas” ao longo dos últimos anos, para mim esta se desfaz quando, no desespero para alcançar a vitória eleitoral, o PSDB se aproxima perigosamente de sujeitos ainda mais conservadores – até ex-integrantes da JUVENTUDE NAZISTA entraram na jogada!

Neste contexto, desrespeitando a própria biografia, Serra teria grandes dificuldades de construir seu governo sem dar espaço e garantias para estes sujeitos, que lhe deram sobrevida numa eleição que estava praticamente perdida.

Assim, por mais que eu entenda que nosso país ainda tem um longo caminho a percorrer em busca da efetiva justiça social, considero que muito foi feito nestes últimos anos, jamais me alinhando ao lado daqueles que acham tudo por aqui uma grande porcaria. Além disso, não tomar posição, neste momento, seria um desrespeito à minha própria trajetória, pois jamais devo esquecer que, mesmo tendo tantas ilusões desfeitas ao longo do caminho, um dia me inscrevi no vestibular para Ciências Sociais porque achava que, de alguma forma, poderia começar a transformar este país tão cheio de injustiças. Por tudo isso, e inclusive por por saber que o caminho para o Brasil dos meus sonhos começa por impedir o retorno de certos pesadelos, no próximo dia 31 de outubro votarei em Dilma Roussef, número 13.

Abraços,
Marcio Santos

14 Comentários

Arquivado em Ciências Sociais, Politica, Reflexões

14 Respostas para “Por que votarei em Dilma Rousseff

  1. Bruno

    Marcio, tudo bom?
    Aqui é o Bruno que foi teu colega na Sociais. Circulávamos no NER na mesma época.
    A leitura de teu texto e a escrita destes comentários são a última atividade do dia, portanto, não leve a mal se algo do texto tenha me escapado.
    Achei este teu texto bem legal. O tom está bastante coerente, pois não cai em algo que francamente me deixa incomodado quando evidencio tanto no discurso de eleitores de Serra quanto de Dilma: a lógica de “dois pesos, duas medidas”. Exemplo: “a corrupção do governo que apóio é mais justificável que a do governo que condeno”; ou “os fins justificam os meios” desde o meu ponto de vista, mas não de outro. Por mais que, a meu ver, o posicionamento político tenha uma dimensão afetiva fundamental, nunca redutível a um ideal de pura racionalidade, não podemos perder a capacidade de auto crítica, de reflexividade e a noção dos limites de nossas escolhas.
    Votar nulo é certamente tentador. Mas, tenho minhas dúvidas em relação à eficácia de votar nulo como um meio de questionar as estruturas institucionais do Estado. Não excluo a possibilidade de, no futuro, dependendo da conjuntura, me agregar a uma campanha pelo voto nulo, associada a uma discussão de crítica institucional profunda. Mas, de uns anos para cá, fiz a opção de não votar nulo, por um motivo muito simples: não posso negligenciar que entre um governo do PSDB e um governo do PT existem diferenças, algumas profundas, outras nem tanto, como bem pontuaste no teu texto.
    Assim, por muitas das razões que apontaste, também votarei em Dilma, votarei no PT. Seguindo a lógica que colocaste, não vejo uma falha do governo petista que não fosse se agravar em um governo do PSDB. Inclusive a questão socioambiental, a qual precisa de uma atenção muito mais qualificada que a que tem tido nas duas primeiras gestões do PT. Me obrigo a citar o atual processo de construção de Belo Monte, que é o exemplo mais emblemático, mas certamente não o único, podendo construir uma lista com vários problemas do PAC e o tipo de lógica desenvolvimentista que está sendo posta em curso. Confesso que aquelas manifestações jocosas de Lula, que figuravam a rã em Osório e a suposta machadinha indígena como entraves do progresso me pareceram um péssimo sintoma do futuro governo petista, ainda que eu torça para estar errado. Poderíamos continuar a lista, mas, de qualquer forma, para efeitos eleitorais, no final das contas, ou Dilma ou Serra governará este país. Não tem escapatória. E, concordo, ainda que sejamos bastante críticos a todas as mazelas do governo petista –e devamos continuar críticos, sempre qualificando nossas reflexões–, os avanços não podem ser negligenciados. Assim, eu voto em Dilma.

    • Marcio Santos

      Olá, Bruno:

      Como anda a vida?

      Primeiramente, te agradeço pela leitura. Te confesso que também tenho uma postura crítica e cética em relação à política ambiental do governo petista. Aqui mesmo no TO enfrentamos uma série de desafios trazidos pela construção da hidrelétrica de Estreito, obra tida como uma das maiores do PAC. Os passivos socioambientais são gigantescos, e nos deixam com uma certa sensação de impotência, em alguns momentos. Todavia, como tu bem ressaltaste, nada me faz crer que um governo do PSDB/DEM traria QUALQUER avanço nesta área, sobretudo considerando que uma das grandes expoentes da aliança serrista é Kátia Abreu, senadora tocantinense e presidente da CNA.

      Em suma, neste contexto de guinada conservadora dos tucanos, há que se votar na Dilma mesmo, já sabendo que, apesar dos avanços trazidos pelo governo Lula, teremos que manter sempre a postura crítica e reflexiva.

      Abraço, Marcio

  2. Daniel Machado

    Bom, o comentário está muito bom e bem argumentado. Cada um tem suas razões para declarar o seu voto. Já conheces minha opinião, que se baseia exclusivamente na candidatura que eu acho que é mais qualificada para ser presidente da República.
    Obviamente, não concordo com o debate religioso, a questão da família e esses temas. Acho que o Brasil deveria discutir reforma política, o câmbio, os juros, a reforma tributária e uma mdança profunda no financiamento do sistema público de sáude.
    Além disso, é preciso repensar o modelo de Previdênccia sem tirar direitos dos trabalhadores. Como? Não sei, não serei o presidente para propor essas soluções. Hoje, por exemplo, a Previdência tem cinco vezes mais dinheiro do que a saúde. Mostra clara que a saúde é prioridade, sim, nos discursos, não na prática. Isso não está certo.
    Sobre os aliados de cada candidato, acho que eles tinham que tomar vergonha na cara, romperem com essa gente e se unirem. PT e PSDB têm mais semelhanças do que diferenças. Se não concorda comigo, pergunte aos banqueiros?
    No mais, ótima leitura propiciada por vossa senhoria.
    Abraços.

  3. Júlio

    Belo texto como sempre, meu caro amigo. Porém acho que faltou um detalhe de suma importância, é a visão que os dois partidos têm das funções estatais, não consigo ver no discurso dos dois candidatos um detalhemento sobre o tipo de gestão que pretendem implementar. Por isso, não há outra alternativa senão olhar a história, e nisso parece claro que a valorização das funções estatais (e dos servidores públicos) está sim ligada mais ao partido da candidata Dilma do que o do candidato Serra.

  4. Desculpe, Marina, mas eu estou de mal…. http://t.co/YwPwyvB

  5. Daniel

    “It’s the economy, stupid”
    O que mais me assusta é que ninguém admite que o Brasil pode fazer todas as coisas boas que o Lula fez principalmente por causa do crescimento econômico que tivemos. Esse crescimento só aconteceu pq o FHC como ministro e presidente, fez malabarismos para a arrumar a economia e permitir que o país crescesse. Lula deu MUITA sorte de pegar um governo com a economia arrumada e com o mundo em forte crescimento econômico (graças a china!), a questão é: o Brasil poderia ter crescido mais, nossas taxas de crescimento foram pequenas se comparados com países do mesmo bloco. Poderíamos ter crescido mais e ter mais dinheiro para aumentos salariais e programas sociais. No final, vale a famosa frase:
    “It’s the economy, stupid”
    E essa, Lula herdou de bandeja. Quem construiu a estrutura econômica em que vivemos hoje foi FHC, ele sim fez a mudança que permitiu esse crescimento.
    Nada contra votar na Dilma, mas esses graficos são uma PALHAÇADA igual a chamar a dilma de terrorista.
    Em seu contexto real é um absurdo achar que a melhora dos índices se deve unicamente ao governo Lula.
    Vote em quem quiser, mas reconheça que FHC, apesar dos números que mostrou aqui, foi quem deu a base econômica para esse crescimento que nós brasileiros elogiamos tanto.

    • Marcio Santos

      Caro Daniel:

      Longe de mim negar os méritos do governo FHC, especialmente no que se refere à estabilização da economia. Esta não é minha linha de pensamento, e definitivamente não sou daqueles que acham que o Brasil começou em 2003. Todavia, creio que é equivocado considerar que a política econômica de Lula foi pura e simplesmente uma continuação daquela praticada pela administração anterior. Como eu não teria palavras melhores para argumentar, sugiro a leitura do seguinte texto de Ricardo Lins Horta, com especial atenção para o “Tópico 3: Não é verdade que “a economia foi bem no governo Lula só porque este não mudou a política econômica de FHC”:

      http://www.idelberavelar.com/archives/2010/10/para_voce_eleitor_indeciso_por_ricardo_lins_horta.php

      Se você quiser apresentar uma contra-argumentação ao Ricardo, aqui ou em outras paragens, fique à vontade!

      Abraço,
      Marcio

  6. Renato

    Olá! Texto muito bom o seu!

    Mas com todo o respeito, acho que fizestes uma avaliação equivocada do governo FHC. Acredito que seja um erro comum, mas grave, tentar comparar os mandatos de Lula e FHC através de números e gráficos, porque se trataram de realidades econômicas MUITO distintas, e essas circunstâncias exigiram ações, obviamente, muito distintas.

    Na minha opinião não há diferenças significativas entre os dois candidatos. Não gosto de nenhum deles, mas penso em votar no Serra por uma questão de alternância de poder.

    Alternância de poder é outro elemento que é constantemente subestimado por grande parte dos eleitores, mas que possui raízes muito mais profundas e impactos muito maiores do que se pode imaginar na história de um país democrático.

    De qualquer modo, recomendo-lhe este texto, que encontrei agora há pouco na internet:

    http://visaopanoramica.wordpress.com/tag/comparacao-lula-x-fhc/

    Boa leitura! e Boa sorte para todos nós, porque um futuro negro nos espera independente de quem for eleito!

    • Marcio Santos

      Caro Renato:

      Agradeço pelo comentário e pela leitura qualificada!

      Como o tema é semelhante, vou reproduzir aqui minha resposta ao Daniel, que está logo acima.

      “Longe de mim negar os méritos do governo FHC, especialmente no que se refere à estabilização da economia. Esta não é minha linha de pensamento, e definitivamente não sou daqueles que acham que o Brasil começou em 2003. Todavia, creio que é equivocado considerar que a política econômica de Lula foi pura e simplesmente uma continuação daquela praticada pela administração anterior. Como eu não teria palavras melhores para argumentar, sugiro a leitura do seguinte texto de Ricardo Lins Horta, com especial atenção para o “Tópico 3: Não é verdade que “a economia foi bem no governo Lula só porque este não mudou a política econômica de FHC”:

      http://www.idelberavelar.com/archives/2010/10/para_voce_eleitor_indeciso_por_ricardo_lins_horta.php

      Se você quiser apresentar uma contra-argumentação ao Ricardo, aqui ou em outras paragens, fique à vontade!”

      Abraço,
      Marcio

  7. Pedro

    Olá Márcio, bom seu texto.
    Mas não consigo acessar os links das fontes. Será que você poderia me enviar os links inteiros.
    Sou professor de História e gostaria de utilizar estes dados, mas só será possível se eu tiver acesso à fonte original.

    Obrigado.
    Pedro.

  8. Pedro

    Ah… outra coisa:

    eu não entendi o lance do mimimimi do Marcelo Madureira.

    Eu também não gosto deles, mas não entendi… talvez porque não assista; não sei. Você poderia me explicar?

    abraço,
    Pedro.

  9. Amigo colorado Márcio,
    como vai?

    Demorei para vir ler teu texto, mas o fiz com bastante atenção e entusiasmo. Também há pouco resolvi ostentar meu voto e preferência por Dilma.
    Acredito que ela não tenha, assim como o Serra, de longe o carisma de Lula, mas se tenho motivos para não votar no PT, não tenho um único para votar no PSDB/DEM.

    Ademais, explicitas de forma clara e nítida os motivos que te compelem a entrar nesta que considero uma guerra.

    E nem falastes do PNDH3, plano que me desperta grandes interesses e que gostaria e muito de saber tua opinião.

    O fato é que urge que não permitamos que o fantasma de PSDB paire novamente sobre nós. Muitos dos eleitores de Serra bradam: que se faça a alternância política! Mas penso que alternância entre PT e PSDB não é alternância que se preze de fato.

    Alternância é mais do que isso. Apoiei Plínio no primeiro turno, mas estaria disposta a fazê-lo com o PCB, com o PSTU, estaria disposta a alternar o poder a partidos cujos programas me trazem simpatia e que nunca estiveram no poder.

    Inclusive, se me permites mais algumas elucubrações, andei pensando que seria muito interessante se a opinião popular se levantasse, assim como foi para a Ficha Limpa, para exigir que o programa eleitoral fôsse dividido igualitariamente entre todos os partidos. Quão interessante seria.

    De toda sorte, vamos com Dilma. Não posso deixar de confessar mais uma vez que minha maior alegria com a vitória do PT será a de ver toda a direita, religiosa, preconceituosa e ultrapassada ter de remoer por mais quatro anos todos os seus péssimos desejos contra a raça humana e contra o Brasil!

    Até a vitória, querido!
    Forte abraço revolucionário.

    p.s.: nem preciso dizer que divulgarei esta leitura urgentemente, ne?

    • Marcio Santos

      Oi, Fefê!

      Te agradeço MUITO pela leitura atenta! Era isso mesmo que eu queria: além de divulgar minha preferência eleitoral e justificá-la, trazer um pouco mais de qualificação e complexidade para este debate político, que anda tão raso e TOSCO.

      Tuas palavras, ao refletir sobre outros aspectos da questão, complementam o meu post. Possivelmente não concordemos em tudo, mas nossas semelhanças de pensamento são muitas, e é justamente isto que acaba unindo a nós e outros tantos nesta verdadeira “guerra eleitoral” que estamos vivenciando!

      Talvez este seja um grande mérito do segundo turno: unir um tanto de mentalidades “progressistas” no combate ao obscurantismo e ao conservadorismo, o que, vamos torcer, bem que poderia arrefecer um pouco certas práticas e posturas que têm caracterizado o PT enquanto governo.

      Fica à vontade para divulgar o texto como e quando achares melhor!

      Grande abraço,
      Marcio

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